domingo, 28 de novembro de 2010

Caravana Currais Novos


Projeto de Identidade Visual Elaborado por Venâncio Pinheiro

Foto do artista no atelier

Oficina Viva Atelier do Artista - Foto Andrea Gurgel

Catalogo com texto da Kamala Kadeiro

Ou Você Diz Ou Você Veste!

A coleção do artista gráfico Venâncio Pinheiro é a materialização da sua essência num universo que, assim como a marca ( Oficina Viva) , dita tendência e projeta o futuro. O objetivo do autor e provocar a caretice existente e permanente na nossa ociocidade Natal, de um jeito diferente. Já é a terceira vez que ele nos alerta com suas provocativas camisetas, sempre levando arte e alegria aos nossos olhos.Mais que qualquer outro nesta tarefa, ele sabe que as pessoas externam, também através de suas roupas, todo o universo das suas crenças, sentimentos e vontades.Com a coleção Ou Você Diz Ou Você Veste, Venâncio lança fashionsetas certeiras, quando ao coração proclama anistia geral e irrestrita e quando política tempera com arte para que a verdade não nos destrua. Criando assim uma coleção que circula entre a luta e o prazer.Enfim, são várias ações que reforçam a essência da marca deste artista e mostra o novo jeito de fazer moda, design e estilo do Fashion Attitude
Kamala Kadeiro

sábado, 27 de novembro de 2010


Texto do Francisco Duarte Guimarães

Imagem do Real


Se eu disser uma coisa ninguém acredita - e logo eu. Editor do semanário Jornal de Natal! - não conheço pessoalmente o maior e mais talentoso ilustrador do JN dos últimos anos e que agora, em parceria conosco, lança este álbum. Venâncio Pinheiro.
Não por falta de tempo ou modéstia de ambas as partes, mas por absoluta falta de oportunidade, mesmo. Venâncio já fez várias estripulias, exposições, campanhas etc., e nós nunca nos encontramos. Nem mesmo nos bares da vida.
Mas, pelo menos da minha parte, tenho um privilégio: já me deparei (ou me encontrei, se quiserem) por várias vezes com o que há de mais íntimo no ser do artista Venâncio: a sua arte, que nos revela segredos de sua alma, de suas idéias, de sua psique - e, agora, logo ele, que ilustra as dezenas de artigos do psiquiatra Maurilton Morais, nosso amigo e colaborador, que tantos mistérios sabe da alma humana.
E o que nos revela esta arte? Tecnicamente não sou a pessoa mais indicada para falar, mas diria, com todo sentimento, que a produção artística de Venâncio Pinheiro é uma eterna obra de inquietação com o real, com as dores, o sofrimento, algo que denuncia os absurdos da fome, da miséria, e por outro lado a gula do insaciável, igualmente absurda.
E Venâncio faz isso nos revelando ainda uma expressão pelo sensual, em alguns casos com a imagem de nus (como se nos apresentasse algo irretocável, a verdade sem máscaras, despida, onde todos nos encontramos) misturando tudo num caldeirão que dispõe de manchas, retículas e letras - como se nos quisesse dizer alguma coisa também com palavras, reclamar, abrir nossos olhos.
A presença do mundo real se faz sentir em todos os sentidos. Desde quando em muitos casos se utiliza de imagens foto-símbolo-dramáticas do cotidiano, estigmatizadas, quem sabe até para chocar ainda mais, com o preto-no-branco, nu e cru, do qual nos fala Eládio Barbosa sob um outro aspecto, até quando recorre ao computador, essa maquininha moderna, para intermediar a elaboração forte de suas imagens.
Neste conjunto não existe nada de elástico, aquoso, sujeito a transformações, porque é indubitável, com elementos de uma retórica irretoquível, inquestionável, eloquente, estilhaços de vários espelhos que, mesmo refletindo imagens ora completas ora incompletas, são reflexos sobreintermontados do real.
Neste álbum com o qual Venâncio nos brinda, e que, em parceria, o Jornal de Natal oferece agora aos seus leitores, pode-se muito bem ver e sentir esse lado do artista: sua preocupação política constante em exprimir o mundo que nos cerca, até mesmo quando os assuntos motivadores dos artigos são ou tratam de abstrações.
Tal preocupação de Venâncio, aliás, foi a mesma que ele adotou como critério para escolher as onze obras que compõem o álbum. São as ilustrações mais reais, porque ilustraram as publicações que trataram dos assuntos mais verdadeiros e polêmicos, como polêmico é o Jornal de Natal.

Francisco Duarte Guimarães. Editor-Gera do semanário Jornal de Natal!l

Texto do Ciro Pedroza

Venâncio seu nome é coragem
"Quem sonhou, só vale / se ja sonhou de mais " (Beto Guedes/Fernando Brandt)



Conheço Venâncio dos tempos de eu menino, ele já era homem barbado, pai de família, "portador de todas as dificuldades do mundo", poeta marginal. De lá para cá já se passaram muitas noites em claro e dias de trabalho pesado, mas ele continua firme, segurando a barra de ser artista.
De sua Oficina Viva, projeto de vida que o acompanha desde jovem e ajuda no sustento diário, continuam ganhando o mundo, a cada instante, seus novos sonhos. Propostas simples, práticas possíveis. Idéias que ele defende com a energia dos que, neste final de século, ainda acreditam num ideal.
E é embalado por esse sonho que Venâncio trabalha, vive e luta. Reciclando imagens, redescobrindo cores e efeitos, desvendando os mistérios de cada material utilizado na composição de sua arte, feita a duras penas. Ora com palavras, ora com imagens, ora com navalhas, E é com esse sangue que escorre e com a força das imagens da vida, que ele recria o mundo e faz a gente se lembrar de pensar.
Tem sido sempre assim, desde aqueles tempos de eu menino e não vão mudar tão cedo. Porque esse jeito moleque que Venâncio tem meio Macunaima, meio Matheus do Boi de Reis, não vai lhe deixar nunca mais. Já fazem parte do seu jeito desengonçado e tímido que pouca gente percebe, travestida na irreverência com que ele toca sua vida e sua obra.
Venàncio que eu conheço dos tempos do Alua continua o mesmo dos festivais de Arte, dos Happenings na Galeria do Povo ( Praia dos Artistas), do tempo dos jovens poetas marginais. Não se entregou ao primeiro sinal de perigo, nem se integrou ao primeiro convite de emprego no Governo, como tantos. Permaneceu como sempre foi, onde ele sempre esteve: Artista da Vida.
Saíram de sua cabeça e da sua completa falta de estrutura material, campanhas geniais que salvaram candidatos sem bagagem e sem dinheiro; camisetas que ganharam o mundo e fundo garantiram a muita gente o prazer de conhecer outros mundos nos tantos congressos que haviam por ai, naquele tempo de eu menino. Idéias que ele executou na sua inseparável Oficina Viva, por cima de paus, de pedras e da incompreensão de muitos.
Venâncio tem uma força incrível, maior do que muita gente boa que eu conheço por ai, E hoje, novamente, tantos anos depois daqueles tempos de eu menino que o homem barbado, pai de família, portador de todas as dificuldades do mundo sou eu, Venancio surpreende com seu trabalho de artista gráfico ilustrando os artigos do Jornal de Natal, intérprete dos fatos e das idéias, tradução primorosa do significado da palavra Coragem.
E nesse momento, em que sou mais do que uma simples testemunha ocular das muitas históriaa de Venâncio, diante dessa tela fria de um computador, relembro uma frase do nosso amigo poeta Aluizio Mathias, que responde todo: ‘’ Estar na vanguarda é ter coragem’’ Venâncio sempre esteve lá. Barbado pai de família, com seu jeito de brasileiro e todas as dificuldades do mundo, firme, com seu sonho e com sua Coragem, na busca da frenética por mais uma idéia para executar. E que assim seja,

Tirol, Natal/RN, numa noite fria de maio de 1995
Ciro Pedroza







Foto atelier do artista











Exposição Natureza e atecnologia













Texto da Exposição Musas de uma Ciranda Eletrônica


Musas de uma Ciranda Eletrônica

Era uma tarde, véspera do ano novo de 2005, quando o telefone tocou... Venâncio queria mostrar mais uma de suas criações... Que por sinal são muitas e diversificadas em estilos e propostas... Apesar de manterem um fio condutor... Percebo que ele tem abandonado mais a bricolagem – brincadeiras que faz com imagens, recriando, colando, alterando e inventando formas e artes – para entrar num mundo mais seu, marcado pelo traçado preciso do mouse (sucessor em nossos dias, do pincel...), sinto que cada vez mais se aprofunda em seu próprio universo, como fez com as imagens para os poemas de Marize Castro, ou os Peixes Virtuais Azuis dos quais também pude escrever (Natureza e Tecnologia)... É um privilégio comentar tais trabalhos, sabendo que pareço puxa saco... Mas, este risco corro com tranqüilidade, pois sei que independente do amigo... tenho em Venâncio uma expressão viva deste novo conceito de arte que visualizamos no horizonte... Que não importa a ferramenta, expressam suas idéias e sentimentos de forma plena...
As dançarinas que ele nos presenteia agora, me deixaram imaginativo, desde a primeira hora que as vi num Blog, foi amor a primeira vista... como poderia deixar de imaginar o rosto de minha amada (Gilvana) e a alegria de mulheres nordestinas dançando...  Ao som que você quiser imaginar (eu imagino um baião ou um xote... num terreiro de chão batido, em alguma paisagem de nosso sertão ou litoral), não importa... O que importa é a presença do circulo, que carrega em si todo o feminino e erotismo... Elas nos convidam para uma grande ciranda virtual...
De uma primeira olhada, fiquei encantado com a leveza e precisão dos traços... Lembra coisas do Caribé... Newton Navarro... Só que com toda a força das cores e da arte digital... Uma prova de que computadores não fazem arte - contrariando Chico Science... Fico imaginando estes vestidos de verdade em corpos femininos... Desfilando... Lindas mulheres de azul... O azul e vermelho.... Vestidos de chita ao vento... Celebram a vida de forma alegre... Leve e sensual...  Vejo que Venâncio continua evoluindo na sua arte... Sempre para melhor... gosto desta limpeza e simplicidade de recursos do micro, deixando aflorar a essência do seu trabalho, do artista... Um Venâncio desenhista... Estilista... Não acho que elas se repetem... Seu universo nos proporciona acessar este panteão de deusas de formas... Curvas... E linhas, traduzidas em números binários...
Não precisava... mas o artista se supera, quando traduz suas musas virtuais para a arte da serigrafia, reproduzindo-as artesanalmente, como os chineses o faziam a milênios - técnica que ele domina como ninguém e na qual iniciou sua caminhada artística, ainda nos idos de 70, quando os computadores ainda brincavam de PRINT e PLOT, os aparelhos de TELEX multiplicavam mulheres nuas com caracteres alfanuméricos, a arte postal a arte-correio e os movimentos poéticos explodiam como expressão de vanguarda em plena Ditadura Militar... Com selos, envelopes e tudo mais... Verdadeiras percussoras dos BLOGs e EMAILs dos nossos dias...
Para encurtar estas palavras, Venâncio me pediu um texto para alguns dias, entrego este em poucas horas, tamanha foi minha vontade em apressa-lo em torna-las públicas... Algo que certamente, contribui para trazer alegria e felicidade para os nossos olhos... Viva o Belo e o Humano que há em nós...
Henrique José*, Natal/RN, 30 dezembro 2004
*Repórter-Fotográfico. Artista e Educador Popular, Diretor da ONG ZooN Fotografia (www.zoon.org.br).

Fotos Camisetas do Atelier do Artista







Texto de Vicente Serejo

Vicente Serejo
Texto publicado no O Poti em 10/04/88


Se a tarde existe para ser amada, como quer Sérgio Milliet, ou queria, para quem acredita na morte de um grande escritor, então amemos a tarde. E de tal modo, que não reste nada de amor jogado fora, pois todo amor deve ser investido de uma vez, posto que é um perigo se amar pela metade.
Acontece que nem todas as tardes são iguais, e por isso ninguém pode amar as tardes indistintamente, como se todas fossem sensuais e irresistíveis, é preciso amar a tarde com um mínimo de critério, como se ama um amante a cada encontro proibido, com um certo sabor de clandestinidade.
E uma tarde amável dessas dei de cara com a inscrição de uma camiseta de Venâncio, poeta do Beco, que dizia assim, no peito da moça cheia de graça: anistia para os amores ilegais. Olhei bem o aviso, medi a intensidade de sua verdade muda sobre o peito e pensei na grande campanha que este país nos deve.
Não diga a mim, pessoalmente, que na verdade não tenho amores ilegais. Digo nos deve porque deve a todos e porque, sinceramente, se há uma anistia necessária é essa dos amores ilegais. Resta saber, nesse exercício de constitucionalidade amorosa, a quem cabe, afinal, anistiar um amor ilegal.
Se é a justiça, tanto pior. Dizem que é cega e assim já fica muito difícil anistiar amores ilegais sem poder julgar de olhos abertos. Bem abertos, parciais e passionais, com toda a força de anistiar mesmo diante do perigo de ser acusada de um julgamento, digamos, tendencioso. Todo amor tem tendências.
Na verdade, o amor deve ser anistiado principalmente por quem o proíbe. O proibidor, sim, deve ser o primeiro a anistiar. Se não há mais solução, se o amor dito ilegal deu certo paciência, legal é o amor desejado. Legal porque baseado na lei do desejo e amor sem desejo é expediente matrimonial.
Claro que fica muito difícil ao homem, principalmente ao homem, esse pobre e ingênuo animal de estimação, coragem de anistiar o amor ilegal de sua mulher, convenhamos, amada. Mas, ora, meu caro, é preciso ter coragem. Do contrário você vai terminar arrastado pela ilegalidade de sua vã proibição.
Quanto às mulheres, tanto pior. Possessivas e estranhas, as mulheres também precisam anistiar, ao invés da que briga e diz, num ímpeto mentiroso: vou lutar e segurar meu marido. Não, não faça besteira. Veja quantos homens tentaram segurar suas mulheres e quantos foram bobos. E como foram inúteis.
Faça como os amantes livres, assumidos, aqueles anistiam-se a si mesmos e aos outros. Largue essa mania de dividir o que não é divisível e assuma de frente. E aproveite os conselhos que deixo aqui, num lapso de babaquice que me dou, de vez em quando, o luxo de praticar. Faça a sua anistia, de você mesmo inclusive, antes que isso aqui vire consultório sentimental. Beijos, abraços e até amanhã.

Video Infogravuras

Video Infogravuras

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Empreendedor de Sucesso - Henrique José

EMPREENDEDOR DE SUCESSO


Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Departamento de Ensino
Gerencia Educacional dos Serviços e da Gestão
Curso Superior em Tecnologia do Lazer e Qualidade de Vida
Disciplina: Gestão de Negócios. Professora: Gerda
Aluno: Henrique José Concentino Fernandes
Data: l 0 de maio 2003

EMPREENDEDOR DE SUCESSO

Ser empreendedor é uma necessidade fundamental para um mundo onde cada vez mais se cultua a concorrência e milhares de seres humanos são deixados à margem de todos os avanços tecnológicos, econômicos e sociais. No capitalismo pós industrial, onde a informação assume papel de mercadoria e a linguagem digital se afirma como padrão de "socialização" do conhecimento, os empreendedores são aqueles que sobrevivem pela seleção natural. A discussão de pessoas empreendedoras, precisa ser colocada de uma forma mais ampla, não apenas como aquelas capazes de tomar uma decisão de abrir ou ampliar um negócio (próprio ou de terceiros), assumindo os riscos e enfrentando todas as adversidades que possam surgir em sua frente. Tomamos a afirmação de empreendedor, para uma visão de ampliar esta abordagem, buscando uma compreensão, não de negócio na afirmação capitalista, mas de construção de empreendimentos sociais, no caso do entrevistado que selecionei, um artista, com comprovada militância na vida cultural e nos movimentos sociais da cidade, um empreendedor de sonhos, um administrador de utopias, inclusive compondo em nosso horizonte, um quadro de viabilidade de uma sociedade pós capitalista, mais humana e mais fraterna.
Venâncio Pinheiro Barbosa, nasceu em Natal, no bairro de Petrópolis no ano de 1956, artista gráfico (multimídia), iniciou o trabalho com cultura aos 16 anos de idade em São Gonçalo do Amarante com Poesia, Teatro e Artes Plásticas. Iniciou sua pesquisa em artes gráficas por necessidade, para poder editar suas poesias, começou a buscar conhecer todos os processos gráficos, chegando a frequentar gráficas e tipografias, mecanismos de reprografia (mimeógrafos), até se encontrar com a serigrafia, onde desenvolveu a técnica e durante vários anos mantém a Oficina Viva, uma empresa que administra, prestando serviços de criação, layout, arte-final e impressão de cartazes, camisetas, adesivos e diversas peças publicitárias para os sindicatos, movimentos sociais e Partidos Políticos do RN. Aos 19 anos iniciou sua vida como profissional da cultura, como aprendiz no atelier do artista plástico Sandoval Fagundes, realizando serviços de arte final e preparação das amostras de trabalho para impressão. Depois trabalhou como poeta, ligado ao movimento de poesia marginal/alternativa nos anos 70, onde vivia dos livros que vendia em Bares da noite natalense, depois trabalhou fazendo vitrines para lojas do centro da cidade, desenvolvendo projetos de ambientação destes espaços. Em 1975 foi trabalhar com o artista Alcides Darico, realizando trabalhos de xilogravuras (impressões em papel, a partir de suportes de madeira), foi professor de artes no Instituto Batista e Colégio São Luís (particulares) e na Escola Municipal Dom Joaquim de Almeida. Montando finalmente a Oficina Viva, no ano de 1979. Venâncio escolheu ser artista  por uma questão de realização pessoal, teve que abrir mão de outras atividades até rentáveis, mas percebeu na arte a necessidade de expressar seus sentimentos, se comunicar com o mundo e dar vasão a sua criatividade, depois que se definiu como artista, sentiu a necessidade de se profissionalizar na área. Seu capital inicial foram as indenizações trabalhistas decorrentes de 2 anos lecionando nas escolas e o arrendamento de equipamentos de serigrafía, como pagamento pelos trabalhos realizados, feitos pelo artista Sandoval Fagundes, que foi morar noutra cidade.
Para constituir a Oficina Viva, foi o primeiro artista a procurar o SEBRAE/RN, sendo assessorado por esta instituição de forma inédita e inusitada pelo órgão.
Sentiu no meio artístico uma carência de pessoas, com capacitação para prestar serviços de artes gráficas e impressão com um preço acessível e de qualidade (que na época era exclusivo das Agências de Publicidade), desta forma viu que era possível montar uma Oficina para profissionalizar sua produção e oferecer estes serviços.
Dentre as dificuldades que aponta para trabalhar como artista, Venâncio destaca a pouca compreensão do próprio poder público que não visualiza na cultura uma fonte de geração de renda e postos de mercado de trabalho, ficando poucas políticas públicas concretas de incentivo ao setor, a cultura é tratada como coisa de segundo nível, onde empresários e políticos são os mecenas (financiadores), e os artistas os bobos da corte. Não temos uma tradição de apoiar a cultura como identidade, como inclusive fonte de atração para o turismo etc.
Risco é outro fator, pois o investimento em cultura é considerado de alto risco, na visão de empresários, artistas e governos, reduzindo os empreendimentos culturais a lógica mercadológica do retorno financeiro, esquecendo os retornos sociais, ambientais e de saúde e qualidade de vida para as pessoas (produtoras e consumidoras de cultura). Apesar destas dificuldades nunca pensou em desistir ou mudar de ramo.
Considera-se uma pessoa de sucesso, estando hoje vivendo a melhor fase de sua vida, com produções de muitas peças artísticas, capas de livros da Editora Sebo Vermelho, ilustrações para revistas de cultura e muitos convites para trabalhos interessantes e exposições.
É preciso para ser artista, segundo Venâncio, aconselhando aqueles que estão começando, ter certeza de que é isso que está querendo para si, procurando o máximo em qualificação na área que pretende atuar e não desistir jamais.

Contextura - Antônio Marques

Contextura de Venâncio Pinheiro

"A los pintores digo que nunca debe ninguno imitar Ia manera de otro, 
porque entonces será Ilamado meto y no hijo de Ia naturaleza".
Leonardo da Vinci"



«A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica»  bem poderia ser o título da exposição do artista plástico VENÁNCIO PINHEIRO. Através desta sugestão, pretendemos, evidentemente, traçar um paralelo entre o texto produzido por Walter Benjamim e a obra pictorial do nosso artista. Para justificar esta aproximação é suficiente lembrar que Venâncio não utiliza os materiais convencionais da pintura: pincel, tela, cavalete, etc. Sua proposta fundamental não é tampouco a de produzir objetos absolutamente singulares, eternos, mistificados (com "áurea", dizia W.B.). A chave da sua técnica de trabalho é a criação de uma matriz em material adequado para ser impresso, de preferência papel. Seu objetivo principal é produzir "imagens múltiplas", sem que estas percam em originalidade. Assim, cada obra produzida - servindo-se sempre de uma matriz previamente trabalhada - tem sua realidade própria, sua autonomia, sua autenticidade. Neste sentido a produção artística de Venâncio recebe influência da xilogravura, da litografia, da gravura em metal - e por que não dizer das Artes gráficas em geral? Mas, o que mais admiramos no artista é sua capacidade de não resvalar para a reprodução mecânica, repetitiva, seriada. Pelo contrário. A utilização de técnicas de reprodução, impressão ou gravação, transfiguram-se, em suas mãos, em processo CRIATIVO, tão legítimo quanto a pintura a óleo, guache ou aquarela. O número limitado de matizes que utiliza não constitui empecilho para criar um número quase infinito de composições diferentes, particularmente quando emprega as cores da sua predileção: vermelha e azul. Neste aspecto a imagem do caleidoscópio ilustra magistralmente sua obra. Por se encontrar profundamente inserido na "época da repro-dutibilidade técnica da obra de arte", Venâncio já participou de inúmeras coletivas internacionais. Expondo, atualmente, na Galeria CONVIVART, surge, finalmente, uma excelente oportunidade para se travar contato com a obra de um dos melhores expoentes do movimento artístico de vanguarda em Natal.

Antônio Marques de Carvalho Jr.
Professor do Dep. de Artes da UFRN