sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Contextura - Antônio Marques

Contextura de Venâncio Pinheiro

"A los pintores digo que nunca debe ninguno imitar Ia manera de otro, 
porque entonces será Ilamado meto y no hijo de Ia naturaleza".
Leonardo da Vinci"



«A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica»  bem poderia ser o título da exposição do artista plástico VENÁNCIO PINHEIRO. Através desta sugestão, pretendemos, evidentemente, traçar um paralelo entre o texto produzido por Walter Benjamim e a obra pictorial do nosso artista. Para justificar esta aproximação é suficiente lembrar que Venâncio não utiliza os materiais convencionais da pintura: pincel, tela, cavalete, etc. Sua proposta fundamental não é tampouco a de produzir objetos absolutamente singulares, eternos, mistificados (com "áurea", dizia W.B.). A chave da sua técnica de trabalho é a criação de uma matriz em material adequado para ser impresso, de preferência papel. Seu objetivo principal é produzir "imagens múltiplas", sem que estas percam em originalidade. Assim, cada obra produzida - servindo-se sempre de uma matriz previamente trabalhada - tem sua realidade própria, sua autonomia, sua autenticidade. Neste sentido a produção artística de Venâncio recebe influência da xilogravura, da litografia, da gravura em metal - e por que não dizer das Artes gráficas em geral? Mas, o que mais admiramos no artista é sua capacidade de não resvalar para a reprodução mecânica, repetitiva, seriada. Pelo contrário. A utilização de técnicas de reprodução, impressão ou gravação, transfiguram-se, em suas mãos, em processo CRIATIVO, tão legítimo quanto a pintura a óleo, guache ou aquarela. O número limitado de matizes que utiliza não constitui empecilho para criar um número quase infinito de composições diferentes, particularmente quando emprega as cores da sua predileção: vermelha e azul. Neste aspecto a imagem do caleidoscópio ilustra magistralmente sua obra. Por se encontrar profundamente inserido na "época da repro-dutibilidade técnica da obra de arte", Venâncio já participou de inúmeras coletivas internacionais. Expondo, atualmente, na Galeria CONVIVART, surge, finalmente, uma excelente oportunidade para se travar contato com a obra de um dos melhores expoentes do movimento artístico de vanguarda em Natal.

Antônio Marques de Carvalho Jr.
Professor do Dep. de Artes da UFRN

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