Musas de uma Ciranda Eletrônica
Era uma tarde, véspera do ano novo de 2005, quando o telefone tocou... Venâncio queria mostrar mais uma de suas criações... Que por sinal são muitas e diversificadas em estilos e propostas... Apesar de manterem um fio condutor... Percebo que ele tem abandonado mais a bricolagem – brincadeiras que faz com imagens, recriando, colando, alterando e inventando formas e artes – para entrar num mundo mais seu, marcado pelo traçado preciso do mouse (sucessor em nossos dias, do pincel...), sinto que cada vez mais se aprofunda em seu próprio universo, como fez com as imagens para os poemas de Marize Castro, ou os Peixes Virtuais Azuis dos quais também pude escrever (Natureza e Tecnologia)... É um privilégio comentar tais trabalhos, sabendo que pareço puxa saco... Mas, este risco corro com tranqüilidade, pois sei que independente do amigo... tenho em Venâncio uma expressão viva deste novo conceito de arte que visualizamos no horizonte... Que não importa a ferramenta, expressam suas idéias e sentimentos de forma plena...
As dançarinas que ele nos presenteia agora, me deixaram imaginativo, desde a primeira hora que as vi num Blog, foi amor a primeira vista... como poderia deixar de imaginar o rosto de minha amada (Gilvana) e a alegria de mulheres nordestinas dançando... Ao som que você quiser imaginar (eu imagino um baião ou um xote... num terreiro de chão batido, em alguma paisagem de nosso sertão ou litoral), não importa... O que importa é a presença do circulo, que carrega em si todo o feminino e erotismo... Elas nos convidam para uma grande ciranda virtual...
De uma primeira olhada, fiquei encantado com a leveza e precisão dos traços... Lembra coisas do Caribé... Newton Navarro... Só que com toda a força das cores e da arte digital... Uma prova de que computadores não fazem arte - contrariando Chico Science... Fico imaginando estes vestidos de verdade em corpos femininos... Desfilando... Lindas mulheres de azul... O azul e vermelho.... Vestidos de chita ao vento... Celebram a vida de forma alegre... Leve e sensual... Vejo que Venâncio continua evoluindo na sua arte... Sempre para melhor... gosto desta limpeza e simplicidade de recursos do micro, deixando aflorar a essência do seu trabalho, do artista... Um Venâncio desenhista... Estilista... Não acho que elas se repetem... Seu universo nos proporciona acessar este panteão de deusas de formas... Curvas... E linhas, traduzidas em números binários...
Não precisava... mas o artista se supera, quando traduz suas musas virtuais para a arte da serigrafia, reproduzindo-as artesanalmente, como os chineses o faziam a milênios - técnica que ele domina como ninguém e na qual iniciou sua caminhada artística, ainda nos idos de 70, quando os computadores ainda brincavam de PRINT e PLOT, os aparelhos de TELEX multiplicavam mulheres nuas com caracteres alfanuméricos, a arte postal a arte-correio e os movimentos poéticos explodiam como expressão de vanguarda em plena Ditadura Militar... Com selos, envelopes e tudo mais... Verdadeiras percussoras dos BLOGs e EMAILs dos nossos dias...
Para encurtar estas palavras, Venâncio me pediu um texto para alguns dias, entrego este em poucas horas, tamanha foi minha vontade em apressa-lo em torna-las públicas... Algo que certamente, contribui para trazer alegria e felicidade para os nossos olhos... Viva o Belo e o Humano que há em nós...
Henrique José*, Natal/RN, 30 dezembro 2004
*Repórter-Fotográfico. Artista e Educador Popular, Diretor da ONG ZooN Fotografia (www.zoon.org.br).
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