EMPREENDEDOR DE SUCESSO
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Departamento de Ensino
Gerencia Educacional dos Serviços e da Gestão
Curso Superior em Tecnologia do Lazer e Qualidade de Vida
Disciplina: Gestão de Negócios. Professora: Gerda
Aluno: Henrique José Concentino Fernandes
Data: l 0 de maio 2003
EMPREENDEDOR DE SUCESSO
Ser empreendedor é uma necessidade fundamental para um mundo onde cada vez mais se cultua a concorrência e milhares de seres humanos são deixados à margem de todos os avanços tecnológicos, econômicos e sociais. No capitalismo pós industrial, onde a informação assume papel de mercadoria e a linguagem digital se afirma como padrão de "socialização" do conhecimento, os empreendedores são aqueles que sobrevivem pela seleção natural. A discussão de pessoas empreendedoras, precisa ser colocada de uma forma mais ampla, não apenas como aquelas capazes de tomar uma decisão de abrir ou ampliar um negócio (próprio ou de terceiros), assumindo os riscos e enfrentando todas as adversidades que possam surgir em sua frente. Tomamos a afirmação de empreendedor, para uma visão de ampliar esta abordagem, buscando uma compreensão, não de negócio na afirmação capitalista, mas de construção de empreendimentos sociais, no caso do entrevistado que selecionei, um artista, com comprovada militância na vida cultural e nos movimentos sociais da cidade, um empreendedor de sonhos, um administrador de utopias, inclusive compondo em nosso horizonte, um quadro de viabilidade de uma sociedade pós capitalista, mais humana e mais fraterna.
Venâncio Pinheiro Barbosa, nasceu em Natal, no bairro de Petrópolis no ano de 1956, artista gráfico (multimídia), iniciou o trabalho com cultura aos 16 anos de idade em São Gonçalo do Amarante com Poesia, Teatro e Artes Plásticas. Iniciou sua pesquisa em artes gráficas por necessidade, para poder editar suas poesias, começou a buscar conhecer todos os processos gráficos, chegando a frequentar gráficas e tipografias, mecanismos de reprografia (mimeógrafos), até se encontrar com a serigrafia, onde desenvolveu a técnica e durante vários anos mantém a Oficina Viva, uma empresa que administra, prestando serviços de criação, layout, arte-final e impressão de cartazes, camisetas, adesivos e diversas peças publicitárias para os sindicatos, movimentos sociais e Partidos Políticos do RN. Aos 19 anos iniciou sua vida como profissional da cultura, como aprendiz no atelier do artista plástico Sandoval Fagundes, realizando serviços de arte final e preparação das amostras de trabalho para impressão. Depois trabalhou como poeta, ligado ao movimento de poesia marginal/alternativa nos anos 70, onde vivia dos livros que vendia em Bares da noite natalense, depois trabalhou fazendo vitrines para lojas do centro da cidade, desenvolvendo projetos de ambientação destes espaços. Em 1975 foi trabalhar com o artista Alcides Darico, realizando trabalhos de xilogravuras (impressões em papel, a partir de suportes de madeira), foi professor de artes no Instituto Batista e Colégio São Luís (particulares) e na Escola Municipal Dom Joaquim de Almeida. Montando finalmente a Oficina Viva, no ano de 1979. Venâncio escolheu ser artista por uma questão de realização pessoal, teve que abrir mão de outras atividades até rentáveis, mas percebeu na arte a necessidade de expressar seus sentimentos, se comunicar com o mundo e dar vasão a sua criatividade, depois que se definiu como artista, sentiu a necessidade de se profissionalizar na área. Seu capital inicial foram as indenizações trabalhistas decorrentes de 2 anos lecionando nas escolas e o arrendamento de equipamentos de serigrafía, como pagamento pelos trabalhos realizados, feitos pelo artista Sandoval Fagundes, que foi morar noutra cidade.
Para constituir a Oficina Viva, foi o primeiro artista a procurar o SEBRAE/RN, sendo assessorado por esta instituição de forma inédita e inusitada pelo órgão.
Sentiu no meio artístico uma carência de pessoas, com capacitação para prestar serviços de artes gráficas e impressão com um preço acessível e de qualidade (que na época era exclusivo das Agências de Publicidade), desta forma viu que era possível montar uma Oficina para profissionalizar sua produção e oferecer estes serviços.
Dentre as dificuldades que aponta para trabalhar como artista, Venâncio destaca a pouca compreensão do próprio poder público que não visualiza na cultura uma fonte de geração de renda e postos de mercado de trabalho, ficando poucas políticas públicas concretas de incentivo ao setor, a cultura é tratada como coisa de segundo nível, onde empresários e políticos são os mecenas (financiadores), e os artistas os bobos da corte. Não temos uma tradição de apoiar a cultura como identidade, como inclusive fonte de atração para o turismo etc.
Risco é outro fator, pois o investimento em cultura é considerado de alto risco, na visão de empresários, artistas e governos, reduzindo os empreendimentos culturais a lógica mercadológica do retorno financeiro, esquecendo os retornos sociais, ambientais e de saúde e qualidade de vida para as pessoas (produtoras e consumidoras de cultura). Apesar destas dificuldades nunca pensou em desistir ou mudar de ramo.
Considera-se uma pessoa de sucesso, estando hoje vivendo a melhor fase de sua vida, com produções de muitas peças artísticas, capas de livros da Editora Sebo Vermelho, ilustrações para revistas de cultura e muitos convites para trabalhos interessantes e exposições.
É preciso para ser artista, segundo Venâncio, aconselhando aqueles que estão começando, ter certeza de que é isso que está querendo para si, procurando o máximo em qualificação na área que pretende atuar e não desistir jamais.
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